Para aproveitar as capacidades das novas tecnologias de impressão, é preciso antes de tudo entender suas características e alcance. É o caso da impressão 3D, tópico muito citado e difundido, mas em muitos casos através de informações desencontradas.
Na semana passada, esclarecemos os mistérios da impressão 3D em grandes formatos, que você pode conferir aqui. Agora, vamos à impressão 3D em pequenos formatos: quais são suas aplicações atuais, quais mercados vêm atendendo, o que pode ser produzido?
Para entender mais sobre o tema, conversamos com Danilo Ribeiro, gerente de marketing e produto da Mimaki, que esclareceu os principais pontos da tecnologia. A empresa, presença confirmada na FESPA Digital Printing 2020, de 18 a 21 de março em São Paulo, possui equipamentos tanto para a impressão 3D monocromática como para a colorida. Veja os principais tópicos citados na entrevista:
As possibilidades da impressão 3D em pequenos formatos
“Acho que a gente tem que diferenciar o perfil da impressora para entender até onde o empresário pode chegar. No caso específico do portfólio da Mimaki, mas é o que de certa forma norteia o que acontece no mercado, temos dois equipamentos, o monocromático e o industrial colorido.
Monocromático: trabalha com filamento monocromático, ou seja, pega um filamento e transforma em uma impressão de uma cor só. A peça pode ser de qualquer tipo, o limite é a criação. Através do software, crio a figura, como uma base de molde para usinagem. Porém, ela será monocromática e precisará de um retrabalho posterior, que seria no caso de uma peça colorida a pintura, trabalho de acabamento e finalização.
Isso é o convencional no dia a dia das pessoas, com uma impressora “3D desktop” para você ter em casa. Tem muita gente adquirindo com um baixo valor um equipamento 3D para desenvolver esse tipo de solução caseira, para pequenos brindes ou produtos, para serem vendidos em feiras de artesanatos ou pequenos comércios.
Indo mais para o lado industrial, esses pequenos formatos criam moldes. Então posso criar o molde de uma garrafa, molde de uma aplicação, de um gabarito. Hoje uma máquina desktop pode atender qualquer tipo de empresa, seja pequeno, médio ou grande formato.
Industrial colorido: permite reproduzir com mais fidelidade por ser de fato uma impressora. São cabeças de impressão ejetando tintas CMYK, verniz, branco e o retrabalho que se tem é menor. A partir do momento que tenho as cores colocadas na peça, não preciso ter a pintura manual.
Esses dois cenários norteiam bastante o que o empresário pode ter. Hoje, praticamente todas as máquinas vendidas no Brasil são monocromáticas, duas cores ou montagens de cores, por exemplo: tenho uma máquina monocromática na qual faço uma parte azul, depois tiro e coloco o filamento vermelho, depois coloco uma parte amarela, ou pego uma peça monocromática e faço uma montagem: a roupa do boneco de uma cor e o corpo branco para depois ser pintado.
Cenário de mercado na impressão monocromática 3D
“No mercado como um todo, qualquer empresa está apta a adquirir uma impressora 3D. No Brasil, temos um cenário diferente do que se visualiza no exterior, onde já existem bureaus de impressão 3D e uma massificação da impressão 3D.
No Brasil, estamos começando esse processo. Hoje, quem adquire uma impressora 3D é desde uma empresa de tecnologia, montadora de veículo, usinagem para fazer mockup ou protótipo, enfim, qualquer pessoa pode adquirir máquinas desktop para fazer pequenos trabalhos.
Temos perfis de clientes/empresas que possuem três ou quatro impressoras, cada uma com um perfil diferente de filamento, perfil diferente de aplicação e que prestam serviços para clientes finais. Posso chegar com uma ideia de projeto na qual quero um abajur personalizado para colocar no criado mudo e eu crio isso através de uma impressora 3D. O limite é a criatividade e a criação - e, claro, a competência específica de se criar arquivos 3D. Isso é uma mão de obra ainda escassa em criar arquivos de alta qualidade.
Falando em filamentos, há diversos tipos diferentes, como nylon e ABS. Cada um vai ter uma aplicação específica com suas características de flexibilidade e resistência”.
Impressora 3D nas escolas
“No caso da Mimaki, com o equipamento desktop monocromático 3DFF-222, há um apelo bem bacana para instituições de ensino, pois ela possui características específicas como filtro de ar extremamente silencioso, então consigo colocar dentro de uma biblioteca ou da sala de aula.
Há uma tendência grande de um futuro breve que as escolas tenham a necessidade de se adaptarem às novas tendências de mercado e uma delas é a impressão 3D. É muito possível que cada escola chegue a ter de 5 a 10 máquinas, e ela se comunica com um software chamado Solidworks que tem um aplicativo para crianças bastante intuitivo; a criança pode fazer sua peça 3D com poucos comandos em um computador normal.
Vemos que a impressora 3D será muito mais para o ensino de como usar e a importância da impressora e da impressão 3D. É mostrar às novas gerações que serão preparadas para as mudanças que o mercado irá trazer, preparar as crianças para que venham com uma mente aberta. A criança terá a tecnologia dentro da sua vida, terá em mãos algo que ela cria na mente dela, seja uma figura, boneco ou forma geométrica, vai reproduzir em uma máquina 3D, nas limitações da máquina”.
As empresas e o “know-how” 3D
Enxergo isso no Brasil: é uma vertente e existem empresas especializadas em impressão 3D, seja ela somente a impressão ou impressão e acabamento. Como se tem hoje muita máquina monocromática eu preciso pintar, dar acabamento, tratar, envernizar a peça.
Hoje dentro do mercado 2D existe o prestador de serviço de impressão: o gráfico, a empresa de comunicação visual, a estamparia têxtil. Essas empresas, principalmente os gráficos e as empresas de comunicação visual, vão precisar se adaptar para também trabalhar dentro da linha 3D, dentro do seu portfólio.
Acredito que esse prestador de impressão gráfica irá migrar para ter em seu portfólio impressoras 3D, apesar de entender que continuaremos com empresas específicas de impressão 3D, que é algo mais industrial.
3D e impressão colorida
A impressora 3D colorida da Mimaki, a 3DUJ-553, foi desenvolvida através da expertise em equipamentos UV 2D. É um equipamento de impressão UV, ou seja, usa tintas líquidas que reagem a uma lâmpada LED UV para fazer a solidificação da tinta. Trabalha com 8 cabeças de impressão, tendo duas cabeças de suporte e as outras seis com cromia mais branco mais verniz, então essa composição me permite a impressão de cerca 10 milhões de cores.
Uma das grandes vantagens do equipamento é a repetição de cores. Por exemplo: vou fazer 50 peças de uma miniatura. Eu defino as cores via software, crio o arquivo e a partir daí a máquina reproduz com perfeição as 50 peças coloridas.
Ela permite a padronização de cor conforme a necessidade do cliente, gerando através de perfis de cores o tom desejado e aí sim fazer a repetição de cores. Outra vantagem é que o trabalho manual é basicamente a criação de arquivo. A partir do momento que criei o arquivo e gerei a impressão, a parte manual está praticamente encerrada. O que ela tem no pós-trabalho é a imersão da peça em água para fazer diluição do suporte; a partir do momento que o suporte estiver diluído e a peça estiver seca, está pronto.
Mercados da impressão 3D colorida
“Quando ela foi lançada, tinha-se em mente o mercado de miniaturas, os bonecos colecionáveis para fazer coleções da Marvel, DC, Warner e outros estúdios para reproduzir bonecos, super heróis, dragões, esse foi um dos cenários visualizados.
No Brasil, estamos fazendo o desenvolvimento no mercado de miniaturas. A pessoa vai até uma empresa que faz a impressão 3D, é escaneada e a partir daquele scanner é gerada a impressão.
Outro mercado bem interessante é da construção civil e arquitetura. Consigo criar cenários de ambientes decorados sem a necessidade de fazer um apartamento decorado.
Outro cenário é o de simulações médicas, tanto para estudo quanto para realização de cirurgias. Em uma instituição de ensino de medicina eu consigo através da impressão 3D criar o modelo de um tornozelo e, por conta da impressão colorida, fazer com que cada músculo, ligamento, tendão, osso esteja de uma cor diferente, de forma que fique didático. Ou tentar reproduzir de forma fiel a musculatura e afins ou até simular uma cirurgia. Consigo criar um cenário onde a pessoa possa estudar o que seria uma cirurgia, ajudando visualmente no que precisa ser realizado”.
Usabilidade
“Atualmente, a máquina é muito intuitiva, principalmente a máquina de filamentos monocromática. São alguns toques no painel para começar a impressão. Na industrial também, mas como ela tem cor, às vezes demanda uma análise no perfil de cor, mas de toda forma o grande segredo é o arquivo, ou seja, ele tem que estar bem feito”.
Novas tecnologias no futuro
“Hoje temos bastante tecnologia envolvida no processo, tecnologias diferentes, tipos diferentes de impressão. O que eu penso que vai evoluir rapidamente é a produção. Hoje é difícil gerar com uma impressora 3D uma produção em escala, as máquinas no mercado não têm esse apelo. Mas não vejo essa novidade para a drupa de agora, talvez daqui umas duas drupas. Ela vai deixar de ser prototipagem e desenvolvimento para ser produção de pequena escala como qualquer máquina digital, mas em níveis pequenos de produção”.
FESPA Digital Printing 2020
A FESPA Digital Printing 2020 acontece de 18 a 21 de março de 2020 no Pavilhão Azul do Expo Center Norte, em São Paulo. A feira vai mostrar o que há de mais inovador na tecnologia de impressão digital para os mais diferentes mercados, como o da impressão 3D e suas possibilidades. Inscreva-se agora para visitar a feira em www.fespabrasil.com.br/pt/visitar/cadastro.