A indústria têxtil é enorme no Brasil e no mundo. De acordo com dados estatísticos da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção), o faturamento da cadeia Têxtil e de Confecção no ano de 2017 chegou a US$ 51,58 bilhões. Os números impressionam e mostram o gigantismo do setor. Como toda a indústria no mundo atual, a busca por tecnologias mais eficientes e sustentáveis está presente no têxtil. E a estamparia digital tem papel fundamental nestes novos tempos.
A estamparia digital - ou impressão digital têxtil - é um novo modo de se trabalhar com tecido, da produção saindo do analógico e indo para o digital. Esta mudança vem para atender uma demanda presente praticamente em todos os setores: produtos cada vez mais personalizados, respeitando as individualidades, os desejos e demandas de cada pessoa. No têxtil, isto está presente não só no vestuário, mas também em sinalização e até na decoração de ambientes.
Para saber mais sobre este mercado e suas oportunidades, a FESPA Brasil traz nesta reportagem com especialistas tópicos sobre o panorama da indústria têxtil no país, como ela vem sendo encarada e trabalhada, quais segmentos ela atinge, seus benefícios e diferenciais. Confira e não se esqueça: além de toda a tecnologia em exposição, a FESPA traz para o Brasil mais uma edição do FESPA Digital Textile Conference, dia de debate sobre a impressão digital têxtil; o congresso acontece dentro da feira e é gratuito. Você também pode aprender mais sobre o digital têxtil em nossa matéria sobre o FESPA Brasil Forum.
Os empresários brasileiros estão vendo na impressão digital têxtil um investimento relevante para suas empresas? A resposta é sim e vários motivos levam a isso, desde uma busca por aumentar a competitividade, a inovação tecnológica, a necessidade de atender demandas específicas e pela força do Brasil no cenário têxtil global.
Na visão de Evelin Wanke, gerente de produtos da Epson, empresa que produz equipamentos de impressão digital têxtil, há na indústria têxtil um momento de reformulação de sua estratégia, de desenvolvimento e percepção diante dos consumidores. “Diferentes segmentos do setor e empresas dos mais variados portes passaram a repensar sua linha de produção para atender uma nova demanda do mercado, na qual cada vez mais percebemos a necessidade de expressão através do vestuário. A impressão digital permite a confecção de coleções exclusivas e personalizadas, nas quais não há limites para a criatividade dos designers e estilistas”.
Para Felipe Simeoni, Gerente de Marketing e Inteligência de Mercado da Global Química & Moda, empresa especializada na indústria de impressão digital têxtil, “Com a variação do dólar é cada vez mais recorrente a busca por produtos nacionais ou nacionalizados. Este tem sido um movimento comum, especialmente entre as empresas têxteis de pequeno e médio porte. Além disso, as companhias brasileiras estão investindo mais nestas soluções para garantir competitividade frente aos itens importados. A impressão digital têxtil tem substituído processos mais trabalhosos e demorados, o que garante às empresas mais rapidez e capacidade de produção”.
Emanuel Souza, gerente comercial da T&C, companhia que representa marcas dentro deste mercado, destaca dois fatores fazem a indústria têxtil nacional crescer: o Brasil ser o sexto maior parque têxtil global e hoje as empresas já apresentarem soluções completas que geram o aumento da competitividade global. “A indústria têxtil é uma indústria global, que, mesmo ainda utilizando máquinas tradicionais e antigas, tem passado por avanços tecnológicos mais do que significativos. Se comparado então ao início da indústria, podemos afirmar que ele já é um setor altamente tecnológico”.
Até onde o têxtil pode chegar? Para Evelin Wanke, da Epson, “Acreditamos que, ao ser usada com criatividade, a impressão digital têxtil é capaz de atuar com eficácia em diferentes segmentos. Esta tecnologia não foi criada e desenvolvida para um nicho específico, e sim para todos aqueles que apostam no conceito de customização e otimização de produtividade. A impressão digital têxtil oferece opções de design praticamente ilimitadas, já que grande parte do que pode ser projetado em um computador pode ser impresso. Além disso, imprime em variados tipos de tecido, como jeans, poliéster e misturas a fibras naturais, como seda, algodão, linho, lã e rayon”.
Para a implantação de uma tecnologia, mesmo que seja para agregar e não para uma completa substituição dentro de um ponto de produção, é preciso entender exatamente quais os benefícios e diferenciais desta nova possibilidade.
De acordo com Felipe Simeoni, da Global Química & Moda, “O processo de impressão digital é rápido, limpo e eficiente. As empresas que escolhem esta tecnologia se destacam no mercado por conseguir atender seus clientes com produções sob demanda (eliminando o custo de setup, por exemplo, revelação de quadros). Entregando assim, produtos exclusivos, de alta qualidade e com ótimos prazos de entrega”.
A impressão digital têxtil concilia três fatores primordiais para as indústrias, considera Evelin Wanke: economia de custos, redução de tempo e aumento de qualidade. “Além desses aspectos, oferece vasta possibilidade de design, impressão em diferentes tipos de materiais e ainda proporciona diminuição significativa no consumo de água (até 90%) e eletricidade (até 30%) em comparação aos procedimentos convencionais de estamparia. A impressão digital pode reduzir o uso de água em até 90% e o gasto elétrico em até 30%”.
Emanuel Souza, da T&C, lembra que no passado, a demora entre a criação e o produto era de semanas. “Hoje, com a estamparia digital, a estampa é feita diretamente do computador para o tecido. Isso diminui várias etapas na sua produção, sendo a reprodução na estampa mais fiel à imagem proposta”. O especialista lembra que na estamparia convencional há vários passos para a confecção de uma peça matriz, como escolha do desenho a ser produzido, elaboração do fotolito ou arte final e gravação na matriz. Cada etapa tem um custo e um tempo a ser produzido muito alto.
Na estamparia digital, todas essas etapas são eliminadas. Escolhe-se a estampa e é impressa direto do computador para o tecido, faz-se um mostruário e só se grava a matriz do material que for vendido e que necessitar de grandes tiragens. “Por isso podemos dizer que a estamparia digital oferece maior agilidade na confecção de mostruário, melhor definição de imagem e melhor custo de mão de obra”, diz.
O vestuário é o principal mercado que se pensa quando se fala de têxtil. A impressão digital veio para colaborar em diversos pontos, como reforçam os especialistas ouvidos: desde a prototipagem, com a capacidade de testar as possibilidades, como a produção das mais diferentes peças exclusivas e colaborar na produção do fast fashion.
É o que pensa Felipe Simeoni “Este mercado pode ser bastante variado e a democratização da moda tem sido uma das grandes aliadas para a popularização da impressão digital têxtil. Hoje pode-se aplicar a técnica em variadas peças, não só camisetas – podemos pensar, por exemplo, em itens de moda-praia, por exemplo. Acredito que não há um limite para o uso da impressão digital têxtil, mas sim uma popularização frequente”. O desenvolvimento de uniformes e materiais para empresas é uma opção quando se fala no têxtil.
Evelin Wanke ressalta que o maior volume de impressão digital no vestuário atinge o mercado de moda em geral, como moda praia, moda esportiva, moda fashion e calçadista. “Possuímos tecnologia para impressão digital na maioria dos tipos de tecido, como seda, viscose algodão, poliéster e poliamida. As tecnologias permitem a confecção de roupas de todos os estilos, como vestidos, bermudas, camisetas e jaquetas, e de acessórios como lenços, calçados impressos, bolsas, forro de vestuários e acessórios. Com a impressão digital não há limites para a criação de novos itens”.
Wanke relata que, em termos de volume de produção, a Epson consegue atender os clientes de baixo, médio e alto volume de impressão com um portfólio de máquinas com velocidades que podem variar de 30 m²/h até 600 m²/h.
O tecido também chegou na indústria de sinalização. Conhecido como soft signage (sinalização leve), a estamparia digital vem para trazer sofisticação e flexibilidade na produção de campanhas que usam tecido para fazer a sinalização.
Felipe Simeoni reforça que a sinalização também está dentro do processo de mudança em diversas áreas com a chegada da impressão digital. “Isso se dá por conta da busca constante por opções de produção que reduzam custos e elevem a competitividade das empresas. No caso do soft signane, podemos destacar como benefícios a simplificação da logística dos materiais, a facilidade de manuseio e instalação. Além disso, não é necessária uma estrutura robusta para aplicação destes itens e há ainda a destinação dos resíduos, que podem ser reciclados”.
O segmento, diz a T&C, comumente usa processo Sublimação em materiais como poliéster. O produto, que pode ser um banner, um material para ponto de venda ou uma ilustração, “goza de grande prestígio e uso no mercado de comunicação visual graças à qualidade de imagem que oferece e seu fácil transporte”.
A Epson vê na impressão de tecidos para aplicações internas e externas uma solução com forte apelo ecológico e cada vez mais presente no mercado de comunicação visual. “A duração cada vez mais curta das ações de visibilidade de marca faz com que as empresas trabalhem em uma resposta imediata, a curto prazo e personalizada. O conceito de soft signage atende a todas essas demandas com um apelo muito forte de sustentabilidade. O principal benefício é utilizar materiais de tecido como base para a impressão que permitem o aspecto de leveza aos impressos, além de serem ambientalmente amigáveis” explica Evelin.
Para decorar ambientes, há uma infinidade de materiais e mídias disponíveis hoje no mercado. Quem vem entrando com força nesta seara é o tecido, que vai muito além de cortinas: ela está tanto em objetos como nos ambientes em si, como papéis de parede em tecido, que vem ganhando espaço, assim com almofadas, poltronas, estofados em geral e quadros personalizados.
Evelin Wanke concorda que a impressão digital pode contribuir de maneira bastante criativa e efetiva no mercado de decoração e arquitetura. “Com um modelo de impressão em grande formato como as impressoras da linha SureColor Série-F, é possível customizar uma porta ou até mesmo toda uma parede. Cada vez mais, tem sido uma prática a utilização de tecidos e cerâmica impressos na tecnologia de sublimação como itens de decoração em quartos, salas e banheiros. Isso ocorre não só em portas e paredes, mas também móveis, azulejos e outros objetos decorativos”.
Epson, Global Química & Moda e T&C são presenças confirmadas na FESPA Brasil | Digital Printing 2019, feira que ocorre de 20 a 23 de março no Pavilhão Azul do Expo Center Norte, em São Paulo. Na feira, será possível ver ao vivo a tecnologia, e assim entender como a estamparia digital pode se adaptar nas empresas dos mais diferentes portes e aos mais diferentes objetivos. A inscrição para visitar a feira é gratuita: www.fespabrasil.com.br/pt/visitar/cadastro.