Buscar novas formas de atingir o cliente é o objetivo de todo convertedor. Recentemente, as capacidades de impressão digital ofereceram mais possibilidades, especialmente pelas capacidades de baixas tiragens e personalização. Isso pode levar inclusive ao pensamento de novos conceitos de produção dentro do mercado.
Um exemplo claro é o Private Label, que explicando de forma simples, é o conceito onde a indústria produz, mas rotula/aplica rótulos próprios de terceiros, o que chamamos no Brasil de Marca Própria. Ou seja, um pequeno comércio pode ter vários produtos próprios sem precisar de fato produzir aquele item, seja um alimento, algo na área de higiene ou limpeza. Tudo isso através da impressão (normalmente digital) de um rótulo personalizado.
Alexandre Barros, diretor da Savie Mercan no Brasil, que atua com equipamentos de impressão digital e é presença confirmada na FESPA Digital Printing, falou sobre este novo conceito. Confira os principais tópicos:
Benefícios do Private Label
O grande benefício do Private Label é potencializar a comunicação de produtos com os clientes. Isso é extremamente importante porque muitas vezes, o mercado se confunde e produz rótulos querendo levar o nome da indústria até a casa do cliente mas, o que potencializa e fideliza clientes é o rótulo ter foco de “dialogar” com as demandas e necessidades daquele cliente em relação àquele produto.
Isso se torna nítido através de outro conceito: a Personalização, onde indústrias produzem suas próprias marcas para cada linha de produtos. Se pergunte: quantas pessoas saem de casa pensando: “hoje vou comprar um produto P&G (Procter & Gamble)?”.
E quantas saem pensando “hoje preciso comprar um produto Gillette, Head & Shoulders, Oral-B, Pampers?”. A P&G produz todos estes produtos, mas para entrar na vida do consumidor e ali ficar, a P&G produz marcas personalizadas para dialogar com o consumidor. A ideia do Private Label é seguir as mesmas características da personalização, mas usando marcas de terceiros, com grande destaque para varejistas, como supermercados e farmácias.
Ao visitar um Carrefour, do Grupo Pão de Açucar, ou mesmos redes de farmácia como Droga Raia, você encontrará produtos criados com as marcas dessas redes, normalmente por três fatores:
1) Maior domínio das necessidades e demandas do que os clientes buscam diante da maior proximidade.
2) Possuir junto ao cliente uma relação comercial habitual baseada no fator praça e credibilidade - não compramos em 30 supermercados diferentes, fidelizamos nossos hábitos baseado no item 1.
3) Produtos com marca própria são apresentados com melhor relação custo-benefício em relação às marcas mais conhecidas, mas usufruem do item 2, facilitando a experimentação pelo consumidor e a consequente penetração em sua vida.
Tendência ou realidade?
Private Label já é uma realidade consolidada em diversas partes do mundo e em franca expansão no Brasil nas grandes redes varejistas. Redes como Carrefour e Pão de Açúcar já implantaram este conceito há mais de 40 anos no Brasil, mas diante das limitações de oferta de Personalização e Private Label por parte dos Convertedores e Gráficas, isso se manteve restrito por décadas a grupos gigantes, mas já vem “descendo” a outras redes grandes. Vemos isso nos supermercados “Prime”, como a rede Mambo em São Paulo ou Verdemar em Belo Horizonte.
Impressão e acabamento digitais
A impressão e acabamento digitais democratizam o acesso a este tipo de solução em expansão pelo mundo, por viabilizar a produção em escalas menores e, consequentemente, o ponto de equilíbrio para experimentação por redes varejistas de qualquer porte. Hoje, o supermercado “Dona Maria”, com 3 lojas, já poderia experimentar ter sua própria marca, mas hoje nem tem ciência dessa viabilidade pela necessidade de maior penetração neste tipo de oferta pelos convertedores e gráficas em conjunto com a indústria.
As soluções digitais são baseadas em custo unitário fixo, ou seja, produzir 1 ou 1 milhão o custo unitário será o mesmo, que viabiliza a produção de baixas quantidades. As soluções flexo são maravilhosas para altas tiragens por terem ganho em economia de escala, mas demandam tempo e custos de setup que limitam o acesso desse mercado em menor escala e de demanda mais imediata.
Flexografia e Private Label
A flexografia tanto pode como já é usada atualmente em Private Label, como nos exemplos das grandes redes varejistas. As soluções de impressão e acabamento digitais não vêm para substituir a flexo, pelo contrário, vêm para somar, viabilizando a penetração em novas formas de atuação, o crescimento destas e a transição destas demandas que nascem digitais para flexo, após o crescimento dos varejistas com tais produtos e consequentemente amadurecimento da demanda ali desenvolvida.
Dicas para este novo conceito
Apesar de parecer distante, o mais interessante do Private Label para convertedores e gráficas e, consequentemente para indústrias, é que essa demanda não nasce necessariamente da abertura de novos clientes, ela está “hibernando” dentro dos atuais varejistas. Como? Momentos de alta de preços como o mundo vive desde o início dos impactos da pandemia interferem diretamente na vida do consumidor.
O consumidor deseja manter os hábitos de consumo, mas diante do aumento de preços, qual caminho tem disponível? Consumir produtos mais baratos! Porém, manter o hábito envolve manter o padrão dos produtos que consome e, para isso, procura um produto com qualidade desejada e que confie.
Onde ele encontra essa confiança? No supermercado “Dona Maria”, que muitas vezes o consumidor é fiel por décadas, ou seja, se uma marca líder de mercado tem um amaciante a R$ 10 na gôndola, uma desconhecida está por R$ 5, mas o amaciante “Dona Maria” está por R$ 7,50, mesmo sendo fabricado pelo mesmo fabricante desconhecido que está à venda por R$ 5 (por exemplo), qual amaciante o consumidor levará para casa para viabilizar a manutenção de seus hábitos? “Dona Maria”!
Além disso, para as indústrias, o Private Label viabiliza a entrada de seus produtos em uma gôndola sem pagar por espaço, afinal está sendo vendido ali a marca do varejista e não da indústria, não se encaixando taxas de vitrine, logo, a entrada em novos clientes, se flexibiliza, maximizando o potencial da indústria e a redução de capacidade ociosa.
Equipamentos para atuar na área
Em relação a equipamentos, a convertedora precisará ter impressoras digitais, normalmente encontradas com tecnologia de toner, como a ColorLabel CL330 que apresentamos na ExpoPrint & ConverExpo 2022, ou inkjet, distribuídas em diversos tipos de tinta como base água pigmento ou corante, tintas UV (Epson SurePress) ou mesmo Electroink da HP Indigo.
No universo de impressoras começando em R$ 30 mil e alcançando acima de R$ 5 milhões, um segredo é analisar que foco se espera alcançar para definir a meta de produção no projeto e o equipamento mais adequado, tanto em termos de custo de impressão, quanto em custo de substratos. Mas, principalmente, deve-se entender que o preço de venda dos rótulos no mercado digital é maior do que no flexo porque o cliente está procurando um “valor” a ser agregado em sua relação de confiança com o consumidor final que é pilar de seu negócio, além dos baixíssimos prazos de entrega (em diversos casos, viabilizando produções just-in-time, com entregas em prazos de até 24 horas).
Decidido a impressora, não faz sentido imprimir em 5-10 minutos uma demanda e ter que aguardar 3 dias ou mais por uma faca de corte personalizada para tal. Logo, se torna necessário acabamentos digitais que, normalmente, são baseados em dois tipos de tecnologia: plotter de recorte com lâmina (de 1 a 4 cabeças de corte) como a Vicut VR320 que também apresentamos na Expoprint & ConverExpo, totalmente já construída para rolo a rolo, com laminação, corte, depilação e refile em linha, ou equipamentos com corte a laser, como a Vicut VLD360.
A escolha entre estes dois métodos se baseia em menor custo de aquisição e menor velocidade (normalmente até 6 m/min) dos plotters ou maior velocidade de produção dos lasers (que alcançam em geral acima de 30 m/min, chegando até 120 m/min). Esse mix, impressão com acabamento digital, demanda uma escolha conjunta pois não faz sentido investir em impressoras digitais de 50 m/min mas colocar um acabamento que não seja capaz de dar vazão a esta demanda, e vice-versa.
Palestra sobre Private Label
Em resumo, se trata de um mundo de oportunidades o mercado de Private Label, que inclusive foi tema de nossa palestra no Flexo Tour na última Expoprint & ConverExpo. Confira aqui: https://www.instagram.com/p/CdWmYfKjwWu/.
Nestes canais, você acompanhará tudo que vimos na LabelExpo em Chicago, onde a presença da impressão digital foi marcante. Inclusive, estudo publicado pela AWA-Alexander Watson Associates demonstra que o mercado de Packaging & Labeling é o que mais cresce dentro do segmento de impressão, enfatizando essa necessidade atual de conexão entre produtos e consumidores através de rótulos com a mensagem correta.
Em se tratando de um país com dimensões continentais como o Brasil, os indicativos aqui apresentados demonstram uma imensa oportunidade aguardando ser explorada, principalmente a exploração de exportação de produtos acabados, diante do patamar mais desvalorizado da moeda nos últimos anos, mas que comprador de outro país deseja receber um rótulo em português e feito para dialogar com o consumidor brasileiro?
A Personalização e o Private Label com soluções digitais, viabilizarão a expansão das exportações brasileiras de produtos acabados, de forma dinâmica e adequada aos pedidos iniciais para, em um futuro breve, desaguar estes clientes nas soluções flexo para altas tiragens e exportação de dezenas ou centenas de containers de uma mesma indústria. Pense nisso!